Esta casa não é dos mortos. É dos vivos e para os vivos. É um local onde nos reunimos e nos despedimos dos mais próximos que partem. É um local de partida. É um local de silêncio e reflexão.
Com estes pressupostos, o edifício proposto recria o limite nascente do adro da Igreja, como se de um muro espesso se tratasse e onde a ação se desenrola.
O programa da casa mortuária é organizado num único piso e em tem duas partes: pátio e espaço interior.
O pátio é o local de entrada, é como uma grande porta de afastamento ao caminho público ou à camara ardente. O pátio é parcialmente coberto, é extensão do interior, é um local de estar. Ao longo do seu lado poente uma escadaria permite o acesso interno da procissão fúnebre para a Igreja.
No lado sul do pátio acede-se ao espaço interior. Aí articulam-se através do átrio, um núcleo de instalações sanitárias e arrumos, e por fim a câmara ardente numa explosão espacial em altura. Este espaço é iluminado por um lanternim na sua cobertura, que certamente desenhará o espaço ao longo dos dias com uma luz diferente. Uma janela no canto oposto à entrada orienta o olhar para o exterior daqueles que velam o defunto no centro do espaço.
Todo o edifício é materializado em betão cinza aparente, caixilhos em madeira de takula e ferro metalizado a cobre.

Fotografias de Elisiário Miranda