Concurso Público de Conceção para a Elaboração do Projeto da Casa Mortuária de Barrancos

Trabalho realizado em co-autoria com o Arq. Ricardo Gil em julho de 2019.
A proposta foi excluída do concurso por propor (de forma consciente) a construção fora do local indicado.

Extrato da memória descritiva:

Proposta
A intervenção proposta assenta num conjunto de princípios que visam obter a qualificação do lugar numa perspectiva de longo prazo, contrariando a lógica de satisfação imediata e parcial de cada necessidade, em cada momento. Essa qualificação passa por perceber a relevância do lugar na identidade colectiva local e nas memórias dos visitantes esporádicos da vila de Barrancos.

Contenção
O projecto assenta no princípio de que a nova função a adicionar deve contribuir para a contenção da construção neste território, oferecendo o remate visual e paisagístico tão necessário à acumulação de funções e infraestruturas no local. Esta contenção passa pelo gesto de delimitar uma fronteira clara que marca em termos paisagísticos o limite entre espaço construído e espaço não construído, entre o urbano e o rural.

Integração
A integração como premissa da proposta apresenta um duplo sentido. Por um lado propõe-se a integração no edificado das múltiplas funções infraestruturais ali implantadas, anulando a sua presença autónoma e desagregadora no espaço urbano.
Por outro lado a ideia de integração contempla também o papel que o novo edifício e as suas funções complementares pode ter no apoio à vivência diária do cemitério.

Identidade do lugar
O projecto cuida da forma como se percepciona o campo urbano e a paisagem a partir do lugar, ocultando os elementos que lhe retiram clareza e legibilidade e melhorando a experiência estética e sensorial de uso do espaço.
Por outro lado, cria um lugar identificável e caracterizado, para quem percorre a envolvente, ao qualificar a colina através de um conjunto de estratos construídos e arbóreos. Recria-se uma paisagem mediterrânea clássica, que está inscrita na memória colectiva dos povos deste espaço territorial.

Conforto
As movimentações e a transição do corpo nos actos que acompanham estas cerimónias entre os diversos espaços requere um ambiente menos perturbado pelos elementos dissonantes patentes no local, mas também uma relação mais directa na transição entre o espaço da casa mortuária e o espaço do cemitério.

Acessibilidade
A colocação do edifício num espaço imediatamente adjacente ao recinto do actual cemitério e à mesma cota e a previsão de uma plataforma elevatória de acesso público que liga o espaço de estacionamento às diferentes partes do cemitério e da casa mortuária, permite resolver um conjunto de questões relacionadas com a acessibilidade universal dos espaços a construir e construídos.